8 de março de 2012

Professores programam paralisação de três dias para cobrar cumprimento do piso em todo país


Na próxima semana, professores de todo o país planejam uma paralisação de três dias para cobrar de governos estaduais e prefeituras o pagamento do piso nacional do magistério. A lei que instituiu uma remuneração mínima para profissionais da rede pública foi aprovada em 2008, mas ainda hoje causa polêmica. Estados e municípios alegam não ter recursos para pagar o piso, especialmente agora que o Ministério da Educação (MEC) anunciou o valor para 2012 – R$ 1.451 – , com um reajuste de 22%.
A categoria irá cruzar os braços entre os dias 13 e 16 de março (de quarta a sexta-feira).  As atividades são organizadas pelos sindicatos locais e incluirão manifestações nas sedes dos governos, passeatas e outros atos públicos. (Da Agência Brasil) (Carlos Britto)

4 de março de 2012

Poeta escreve cordel que não “encanta” a Rede Globo

Professor e Poeta - Antonio Barreto

O Professor, poeta e cordelista Antonio Barreto, que nasceu nas caatingas do sertão baiano, em Santa Bárbara é amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas. Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.

Barreto com um cordel reflexivo sobre o “Big Brother Brasil” o (BBB) conseguiu mexer com ego da rede globo e ainda mais com o homenageado e apresentador do programa Pedro Bial. Confira e reflita abaixo a criatividade em prosa em verso:

BIG BROTHER BRASIL UM PROGRAMA IMBECIL.

Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É preguiçoso mental
E adora baixaria.

Há muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por certo atrofiar
A mente do brasileiro.

Me refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um escravo da ilusão.

Em frente à televisão
Longe da realidade
Onde a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta enorme ‘armadilha’.

Cuidado, Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que têm cara de bundão.

O seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com esforço especial.

Muitos já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A ferir o nosso brio.

Um país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando a Nação.

Respeite, Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E trabalha o dia inteiro
Da muito duro, anda rouco
Paga impostos, ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.

Enquanto a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica e social

Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo sério – não banal.

Esse programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.

A moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis” protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.

Não se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa deprimente
Sem nenhum objetivo.

Talvez haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De lavagem cerebral.

Isso é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que ninguém estude.

É grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse mar de palhaçadas.

Se a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai contestar a valer.

A você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E escute seu coração.

E vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.

E quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a sociedade
Do nosso querido Brasil.

E saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados

Porque sai do nosso bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante desnecessárias
Pra esses desocupados.

A loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que nunca terá valia.

Chega de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo espiritual.

Cadê a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas, trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante de enganadores?

Barreto termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja à força do mal.
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou então: siga, animal.

FIM

2º Domingo da Quaresma - Ano B - 04/03/2012

“Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. É vossa face, Senhor, que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rosto” (Sl 26, 8s).
Vamos caminhando no nosso grande retiro espiritual na Santa Quaresma, tempo de penitência e tempo de conversão. Tempo da escuta da Palavra de Deus e dos seus desígnios para a nossa caminhada diária para que possamos voltar para a amizade com Deus. Deus não quer a morte do pecador, mas sim que esse pecador se converta e viva uma vida em abundância, dando testemunho do kerigma cristão.

Na primeira Leitura – Gn 22,1-2.9a.10-13.15-18) apresenta Abraão obediente até o sacrifício de seu filho único. Pedindo que Abraão sacrificasse seu Filho, Deus não apenas testou a sua obediência, mas colocou em questão todo o futuro de sua descendência. Será que Deus precisa de tais provas para saber se o homem lhe é fiel? Ou será que a fidelidade e a confiança só crescem quando são provadas? Prestes a sacrificar toda a segurança, o homem se torna realmente livre; e é assim que Deus o quer, para que seja seu aliado. Abraão foi sempre obediente a Deus. Abraão, observando seus contemporâneos, percebe que tal é o amor que têm por seus deuses que chegam a sacrificar-lhes seus primogênitos. Parece-lhe, então que o amor de Deus exige dele o sacrifício de Isaac. Mas Deus o impede, não quer a morte do homem, mas a vida. Abraão passa, então, a considerar Isaac como duplo dom de Deus: nascido de Sara estéril e salvo da morte. De qualquer modo, a disponibilidade da fé de Abraão é agradável a Deus, que renova as promessas a ele feitas.
Prezados irmãos,
Na Carta de São Paulo aos Romanos(Rm 8,31b-34) Deus não poupou seu único Filho. Quem, de fato, sacrifica seu filho não é Abraão, mas é Deus mesmo: prova de seu amor por nós, que não conseguimos imaginar, mas no qual acreditamos firmemente. A fidelidade de Deus anunciada na primeira leitura é aqui plenamente proclamada: Deus está com todos os que têm fé e que por ela foram justificados. Assim, também, Cristo que, em sua fidelidade ao Pai, deu a vida por nós, não pretende condenar-nos. Esse argumento pode resumir-se numa pergunta: “Quem nos separará do amor de Cristo e do Pai?”. Nesse contexto, há uma única resposta: só nós podemos separar-nos do amor de Deus em Cristo Jesus. Deus jamais tomará a iniciativa da ruptura. Ele é um Deus fiel.
Caros irmãos,

A liturgia deste domingo é repleta do mistério de Deus: a sua transfiguração. Esta passagem bíblica tem um significado muito profundo, tendo em vista que o saudoso Pontífice João Paulo II, na sua Carta Apostólica do Rosário da Santa Virgem Maria, incluiu como quarto mistério luminoso exatamente da perícope que hoje refletimos a Transfiguração do Senhor Jesus.

Mas, irmãos, o que vem a ser a Transfiguração? A Transfiguração é o momento em que Jesus revela sua glória diante de seus discípulos. Esse é o resumo do Evangelho deste segundo domingo da Santa Quaresma.

Devemos situar esta visão no contexto em que Marcos criou ao conceber a estrutura fundamental dos evangelhos escritos. Na primeira parte de sua atividade, Nosso Senhor Jesus Cristo se dirige às multidões, mediante sinais e ensinamentos, que deixam transparecer o “seu poder e a sua autoridade”, mas não dizem nada sobre o Seu Mistério Interior. Na segunda metade de seu Evangelho, ele fala que Jesus revela às suas testemunhas  - e depois discípulos – o seu Mistério interior: sua missão do Servo Padecente e sua união com o Pai. O que foi confiado a Jesus pessoalmente, pelo Pai, na hora do Batismo, quando a voz da nuvem lhe revelou: “Tu és o meu filho muito amado, em quem eu pus minha afeição” (Mc 1,11). Agora é revelado aos discípulos: “Este é o meu filho amado, escutai-o”. Isso para demonstrar que os mistérios de Deus não podem ser reservados para poucos, mas devem ser comunicados e partilhados com muitos para a edificação do Reino de Deus que se inicia na nossa peregrinação por este mundo.

O Evangelho de hoje(Mc 9,2-10) nos mostra quem é Aquele que nos veio salvar e em que nos haveremos de transformar, se superarmos as tentações da vida presente pela contínua conversão aos seus ensinamentos e sua pessoa: seremos transfigurados.
Meus irmãos,

O Antigo Testamento é um compêndio de recados para o povo de Israel. Ali está presente a aliança entre Deus e a Nação Israelita. O povo prometeu: “Faremos tudo o que o Senhor nos disse!” (Ex 24,3). Mas Jesus veio inaugurar um novo tempo. Deus nos apresenta o seu Filho Jesus, a nova Arca da Aliança, o novo templo de Deus, e recomenda com insistência: “Escutai-o!” Este era o dever dos apóstolos e o nosso hoje: escutar Jesus com mais atenção do que o povo de Israel escutou Moisés, que lhes transmitira a vontade de Deus. Apesar da morte, ele tem palavras de vida eterna.

Os caminhos de Deus ultrapassam as razões da inteligência humana; quanto mais, quando se trata da morte de quem, por definição, é imortal. Jesus não se transfigura para deslumbrar seus discípulos e seguidores e demonstrar-se superior a eles. Jesus tratou de um gesto para inspirar, criar e fundamentar a confiança de quem tinha razão para ter medo. Morte e vida não se contradizem, mas fazem parte de um processo natural e de um mistério de fé e esperança cristã. Jesus, Filho de Deus Altíssimo e destinado para ser rei eterno e universal, devia passar pelos escarros, pelas dores e pela morte. Por isso, o Monte Tabor e o Monte Calvário, postos hoje um perto do outro, nos ajudem a compreender que no mistério da dor há ricas e encantadoras sementes divinas.

O monte da Transfiguração é colocado hoje à luz do Monte Calvário. Não pelo formato geográfico, porque o Calvário não passa de uma pequena elevação, mas pelo seu significado simbólico dentro da história da salvação. O Calvário é marcado pelo sangue e pela dor, mas de seu chão brotam as raízes da vida eterna. O Tabor vem hoje envolto de luz e divindade, entretanto, profetizando um caminho de aniquilamento: cumprir a vontade do Pai até o extremo da renúncia e da morte. No Tabor ecoa a voz amorosa do Pai: “Este é meu filho muito amado, escutai-o”. No Calvário ouvimos a célebre frase da condição humana do Senhor: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Aos olhos da fé, os dois montes se fundem, porque a crueza do Calvário revela a extrema misericórdia e o infinito amor de Deus.

A morte que Jesus anuncia como a sua, morte violenta, convida-nos a morrer diariamente para o pecado, a cada minuto, a cada instante, procurando sempre passar do Calvário para o Tabor, da desgraça para a luz, do pecado para a graça salvadora. Morrendo para o pecado estamos transfigurando para a vida eterna.
Meus irmãos,

Aparecem Moisés e Elias. Moisés o maior legislador e  Elias o mais santo dos profetas. Jesus Cristo superou todos os profetas, porque nele se completou o tempo da salvação, porque “Ele é o Meu Filho muito amado”. Por isso, as atitudes que devemos cultivar nesta segunda semana da Quaresma são as seguintes: a humildade, o despojamento, o serviço, a doação em prol de muitos. Só podemos aceitar este ensinamento na confiança de que ele teve razão. A razão de Jesus é a razão do Batismo, em que somos lavados do pecado e inscritos como cidadãos do céu. Valorizamos nosso Batismo, passando do Calvário – sofrimento e pecado – para o Tabor – alegria e graça santificante de Deus.

Portanto, somos convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia de três de seus discípulos, viver a doce e cândida alegria da comunhão com ele. Somos embalados pelo testemunho da fé de Abraão e de Sara, que, obedientes à palavra de Deus e portadores da palavra da Salvação, desafiaram as deficiências da velhice e da esterilidade para gerar numerosa descendência. As dificuldades e sofrimentos da caminhada não podem nos abater ou desanimar. No meio dos conflitos da vida, o Pai nos permite vislumbrar, desde já, sinais de ressurreição e nos dá o mandamento de escutar a palavra de Jesus, o Filho amado.

Renunciando aos vícios, libertando de tudo que vai contra os valores do Evangelho vamos assumir a nossa vocação de servir a Cristo, que é servir aos irmãos na busca de maior solidariedade e fraternidade. Amém!
Pe.  Wagner Augusto Portugal