Em
nota divulgada à imprensa, o bispo da Diocese de Juazeiro, Dom José
Geraldo (foto), esclarece sobre a situação do padre Josevan José de
Macedo, que pediu licença canônica do exercício de sua funções na cidade
para ingressar na política.
Natural de Dormentes (PE), padre Josevan
é o candidato a vice na chapa majoritária de Josimara Cavalcanti (PTB)
na cidade. Segundo Dom José Geraldo, a igreja não impede nenhum
religioso de seguir na vida pública, mas impõe condições quanto a suas
atividades clericais.
Confiram o que explica o bispo de Juazeiro:
Padre na Política
Achamos por bem tornar público, em
nota à imprensa que, mediante pedido formal entregue pessoalmente,
protocolado e deferido pela Cúria Diocesana, o Padre Josevan José de
Macedo, que até o dia 21 de junho/12 era Pároco de Nossa Senhora
Aparecida, na cidade de Juazeiro (BA), pediu licença canônica do
exercício das funções sacerdotais para um tempo de reflexão e para
concorrer a uma vaga nas próximas eleições municipais.
Nesse contexto é válido declarar que
a Igreja Católica não é contra a participação na vida política por
parte de um padre, diácono, religiosa, religioso ou qualquer fiel leigo.
No entanto, para que um padre, religioso ou religiosa ingresse
partidariamente na vida política, deve antes pedir ao Bispo ou ao
Superior religioso a licença canônica. Sendo assim, essa pessoa, a
partir do deferimento dessa dispensa, agirá por conta própria. Sua
posição, ações, decisões, afirmações e qualquer outra prática serão de
inteira responsabilidade pessoal.
O mínimo que a Igreja recomenda é
que sejam coerentes, corretos, éticos, responsáveis, sérios e mereçam
cada voto que cada eleitor a eles confiar, em razão de conhecer sua vida
enquanto padre, religioso ou religiosa. A vida política é vista pela
Igreja como saudável, desde que corresponda à luta pelo bem comum, pela
dignidade humana e pela gestão da coisa pública com transparência e
verdade, como exige uma democracia.
A Igreja Católica Apostólica Romana
tem se interessado sempre pela vida política e buscado um diálogo
saudável para o bem das pessoas. Por isso, não permite a nenhum padre
utilizar-se do altar, do púlpito, da pregação e de nenhuma outra forma
de ação religiosa, enquanto padre, para atacar, difamar nem criticar
partido ou político nenhum. Igreja é lugar de oração, de fé e de
crescimento espiritual. Ademais, na democracia, os partidos e os
candidatos têm o direito de apresentar suas propostas de governo e suas
intenções, e os eleitores livremente, católicos ou não, devem escolher
seus candidatos.
Acreditamos, inclusive, que quem
votar num determinado candidato apenas porque ele é padre, religioso ou
religiosa, estará agindo condicionado apenas por uma imagem externa, o
que não é suficiente. O eleitor deve procurar conhecer seus candidatos,
por suas ações, por sua coerência.
O Pe. Josevan, portanto, encontra-se
dispensado das funções de padre para ingressar na vida política como
quiser. Nessa situação de dispensa não pode celebrar nenhum sacramento,
inclusive a Santa Missa. Não pode administrar nem responder por nenhuma
Paróquia. Não se vestir, nem se apresentar publicamente com vestes
clericais. Estará livre do compromisso que um dia assumiu com a Igreja
para buscar seus interesses pessoais na vida política.
Juazeiro, 02 de julho de 2012
Dom José Geraldo da Cruz/Bispo Diocesano de Juazeiro (BA)
(Carlos Britto)