10 de abril de 2012

Enquanto isso… Publicado por Carlos Britto 09/04/2012 às 22:28 Comente Twitter Facebook imprimir Enviar por email Lossio consegue aprovar “na marra” projeto que reajusta salários dos servidores de Petrolina

Em mais uma longa sessão ordinária marcada por polêmica e desabafos, os vereadores da Casa Plínio Amorim aprovaram por unanimidade – mesmo contra sua vontade – nesta segunda-feira (09) o projeto de lei nº 019/2012, enviado pelo prefeito Julio Lossio (PMDB), que trata do reajuste salarial aos servidores municipais de Petrolina.
Apesar da vitória, Lossio foi duramente criticado pelas lideranças do sindicato da categoria (Sindsemp) e sobretudo pelos representantes do Legislativo, que o acusaram de “manobrar” o projeto para que conseguisse aprová-lo da forma como enviou à Casa (e em cima da hora).
A começar da sessão, que foi antecipada para hoje pela presidente da Mesa Diretora, vereadora Maria Elena (PSB), justamente para que o prazo de votação do projeto não fosse perdido por conta da lei eleitoral, caso fosse submetido à análise dos vereadores somente amanhã (10).
Retirado de pauta, o projeto ainda passou por uma intensa discussão dos vereadores, que se reuniram a portas fechadas na sala de imprensa. A intenção era apresentar duas emendas ao projeto de Lossio. Mas a tentativa foi frustrada, porque o prefeito já havia deixado claro que vetaria qualquer alteração feita ao original.
Caso isso acontecesse, o reajuste dos servidores só retornaria à Casa em janeiro de 2013. Visivelmente constrangida, a vereadora Maria Elena foi a primeira a falar. Em seu discurso, ela lamentou o fato de mais um projeto do Executivo, de suma importância, chegar às mãos do Legislativo sem respeitar os prazos. “Espero que a próxima ou o próximo presidente deste poder não seja submetido à forma como o Poder Executivo tem encaminhado as matérias a esta Casa”, desabafou, sugerindo que Lossio enviou o projeto de última hora premeditadamente.
Ainda mais dura foi a 1ª vice-presidente da Casa, vereadora Márcia Cavalcante (PSD). Ela chamou o projeto de “arapuca” e ironizou ao dizer que tem dificuldades em lidar com “artimanhas” como essas do Executivo. Continuando o discurso, Márcia referiu-se sutilmente ao prefeito: “Quem pensa que se saiu vencedor hoje, está enganando a si mesmo. Ninguém votou o projeto enganado. Usamos o bom senso para evitar um mal maior (o possível veto de Lóssio às emendas). Essa gestão está perdendo a oportunidade de fazer história em Petrolina”, completou.
“Assistencialismo”
Representante da educação, a vereadora Cristina Costa foi tachativa. Primeiro ela criticou, entre outras coisas, o fato de o projeto não valorizar os educadores que têm especialização. Depois direcionou as críticas à quantidade de mini-contratos existentes na área em Petrolina, para justificar que os servidores efetivos merecem o mesmo tratamento dado aos contratados. “Está existindo em Petrolina uma política de assistencialismo com esse excessivo número de mini-contratos. Temos o concurso público: vejam quantas pessoas fizeram, e quantas foram aprovadas”, lembrou.
O líder governista, Dr.Pérsio Antunes, descartou ter havido manobras do prefeito. Ele informou à imprensa que o projeto foi enviado no último dia 30 de março, mas devido à Semana Santa, não teve tempo de ser apreciado pelos demais colegas. O vereador também ressaltou que o reajuste foi o que deu para o Executivo conceder e explicou que não poderia ser igual para todos porque há categorias com valores diferenciados e que poderiam ser privilegiadas com o reajuste. Durante a sessão, no entanto, Dr.Pérsio preferiu não se pronunciar.
Já a presidente do Sindsemp, Léia Araújo, despejou toda a insatisfação da categoria ao final da votação. Segundo ela, o prefeito agiu de forma “antidemocrática” ao deixar a Câmara de Vereadores “amarrada” e não abrir espaço para o diálogo com o sindicato. Pelo projeto, o reajuste proposto é de 10% para os professores (mas nem todos terão direito ao percentual) e de 6,5% para enfermeiros, técnicos de enfermagem e odontólogos – abaixo da inflação de 2011, que foi de 6,87%. Alguns, inclusive, deixarão de ser isentos do imposto de renda e terão de pagar o tributo. (Carlos Britto)

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