Nesses tempo em que o Supremo Tribunal Federal abriu a ala da citação textual de Chico Buarque para contextualizar os desmandos do Mensalão, no país cuja “pátria -mãe tão distraída dormia sem saber que era subtraída em tenebrosas transações”, também entraremos no ritmo da poetização para falar do ocaso da importância que homens e mulheres públicos têm dispensado à coisa pública.
“Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto/ Pra você parar em casa, qual o quê!/ Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito/ Quando diz que não se atrasa/ Você diz que é um operário, vai em busca do salário…”
Pedimos licença ao gênio Buarque para fazermos de seus versos – com a licença poética sobre a licença poética- uma paródia:
“Sem afeto , apesar do açúcar” a imprensa tem testemunhado o andar da carruagem na Câmara de Vereadores de Petrolina, nesse fim de legislatura, em pleno momento eleitoral/eleitoreiro.
Sob arroubos, destemperos, desequilíbrio de alguns dos edis, num jogo entre sujos e mal lavados, que debatem politicagem em vez de exercer a função política para a qual foram eleitos, o símbolo do descaso aparece na simples latinha que exerce a função de açucareiro na sala de imprensa.
A analogia é perfeita: há muita latinha medíocre fingindo-se de elegante açucareiro.
Como diria o velho Machado de Assis, “Há muita agulha de força abrindo caminho a linha ordinária”.
E é assim: há muito eleitor de bem colocando políticos ordinários no poder.
E, em se tratando da Câmara, talvez a reciclagem não devesse ser exatamente da latinha do açúcar, mas de muita linha ordinária que tem fingido que é vereador. (Folha do São Francisco)
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