Pode alguém ser candidato a vereador num país sério inscrito com o nome de Cido Putão?
Pode,
sim, e é bem capaz de ser eleito. Tem um sujeito com esse nome
(foto) concorrendo às eleições em Águas de Lindóia, interior de São
Paulo, um dos muitos personagens citados diariamente por José Simão em
sua 'Galera Medonha, a Turma da Tarja Preta', a coluna mais séria da
imprensa brasileira.
Nas
eleições municipais de 2012, o esculacho é geral, pode tudo. O mais
comum é o candidato ligar o nome à sua ocupação para transformar a
profissão em sobrenome.
Em
São Carlos, também em São Paulo, próspera cidade universitária e
industrial, tem Mineiro Garapeiro, Baixinho Borracheiro, Boy do Algodão
Doce, Julião do Lanche, Porteiro Barnabé, e por aí vai. Isso é o de
menos.
Na
mesma cidade, disputam vagas na Câmara Muncipal tipos como Xisto Mateus o
Demolidor, Noemia do Piu-Piu, Luiz Pixoxó, Pedro Paraná do Escoramento.
Na
capital paulista, o quadro não é muito diferente. Tem candidato para
todos os gostos. A começar por Wadão e o Jegue Dente de Ouro, um dos que
mais aparece nos programas eleitorais do PMDB, passando por Valdecir
Cabra Bom, do PTB, Belê Belê, do PRB, Baxinho Dog, do PPS, e Marronzinho
do Trânsito, do PT.
A
esculhambação é pluripartidária entre os mais de 480 mil candidatos
registrados no Tribunal Superior Eleitoral disputando vagas de prefeito,
vice e vereador em todo o país.
Um
cidadão chamado Paulo Murilo de Oliveira, candidato a vereador pelo PTB
em Bicas, no sudeste de Minas Gerais, registrou o emblemático nome de
Picareta.
Também
em Minas, um candidato a vereador pelo PSB em Divinópolis, abdicou do
seu nome de batismo, Evangelista Ricardo, e para disputar uma vaga de
vereador registrou-se como Safado.
A
Resolução nº 23.373 do Tribunal Superior Eleitoral impõe restrições aos
candidatos que registrem nomes 'fora dos padrões normais', adotando
apelidos esdrúxulos, mas parece que ninguém dá muita bola a isso.
Uma
exceção foi o juiz João Maurício Guedes Alcoforado, da 151ª Zona
Eleitoral do Recife, que ameaçou caçar o registro de candidatos com
nomes considerados um tanto estranhos como Furúnculo Maligno, Silvana de
Toinho do Táxi e Roberto do Bloco Bimba Mole.
Tem
um monte de candidato que adotou o 'nome artístico' de Lula ou Obama,
mas a campeã de xarás nestas eleições é a presidente Dilma Rousseff. São
143 Dilmas inscritas no TSE.
Um
levantamento feito pelo jornal 'O Globo' esta semana mostra casos
bizarros como o de Maria Aparecida Oliveira, de Montes Claros, Minas
Gerais, que resolveu adotar o nome da presidente da República com esta
justificativa: 'Desde pequena, uma madrinha me chama de Dilma e muitos
pensam que é meu nome de verdade. Se isso influenciar na hora do voto,
vai ser ótimo'.
É o
que pensa também Eulina Avilino, de Santa Luzia, no Maranhão, que não
deu explicação nenhuma para simplesmente adotar o nome Dilma do Povão.
Em Pureza, no Rio Grande do Norte, Josilma Bezerra Gomes apenas achou
bonito se candidatar como Dilma do Badú.
Casos
como o de Cido Putão e outros ainda mais grotescos pipocam por todo o
país, transformando a eleição num circo de horrores que certamente não
contribui para melhorar a jovem democracia brasileira.
E na
sua cidade, caro leitor do Balaio, como se apresentam os candidatos?
Algum, por acaso, disputa a eleição com o nome de Honesto? (Magno Martins)
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